Orange Is The New Black: A luta de Taystee

Orange Is The New Black: A luta de Taystee

24 Janeiro, 2020 0 Por Marcos Marques

Orange Is The New Black foi uma das primeiras séries originais da Netflix e chegou ao fim em 2019, encerrando uma longa jornada de humor, representatividade e debates sociais. 

É comum que tenhamos apego aos nossos personagens favoritos em filmes ou séries, sejam afeto até mesmo pelo ator, ou, a mensagem que ele passa através do seu personagem. Tasha Jefferson mais conhecida como ‘Taystee’ é uma personagem de Orange Is The New Black que carregou consigo uma história de resistência e luta, a transformando em quase como a grande protagonista da série no lugar da Piper Chapman. 

Apesar de ser uma personagem bastante presente na série, o maior problema da Tatystee começa na quarta temporada, quando as presas estão fazendo uma greve pacífica contra os atuais carcereiros e acaba se tornando uma grande confusão, onde a sua amiga Poussey Washington acaba sendo morta por um guarda enquanto ele a sufocava com o seu peso nas costas da mesma no chão. Após uma manipulação do sistema carcerário sobre a morte de Poussey para a imprensa, uma rebelião acomete toda a penitenciária dando assim uma grande revolução das presas por respeito, direitos, humanidade e claro, por Poussey.

Reprodução: Netflix / No meio da rebelião, Taystee, Piper, Cindy, Janae e Alison tentam afrontar os guardas e a imprensa.

É muito claro dizer qual foi a jornada de Taystee durante a série, ela simplesmente foi uma das personagens que tomaram uma linha de frente e virou todo o drama da série para si trazendo uma das maiores tramas que já foi vista em qualquer série de televisão ou streaming. Não precisa de muito pra saber o quão forte o racismo é na nossa sociedade, e tudo que não seja branco é marginalizado e considerado o mais fraco possível. Taystee pede direitos em um lugar completamente abandonado, sem qualidade de vida para as detentas e sem incentivos para que essas condenadas tenham direito a serem novamente incluídas no mercado de trabalho. Somando a isso, Taystee é injustamente culpada pela morte do Piscatella e é acusada injustamente pela polícia e acredite, por algumas companheiras. 

Nos Estados Unidos, tem um caso bem parecido que aconteceu com cinco jovens, Antron McCray, Kevin Richardson, Raymond Santana, Yusef Salaam e Korey Wise que foram presos injustamente devido a um assassinato de uma jovem no Central Park. Com a manipulação da polícia, eles são forçados a confessarem os crimes – mesmo sem provas. Eles foram presos em 1989 e foram inocentados em 2002, quando o verdadeiro culpado confessou o crime. O caso ganhou uma série na Netflix ‘Olhos que Condenam’ com direção de Ava DuVernay (Selma). Aqui no Brasil existem vários casos a respeito mas tem um em especifico. Barbara Querino foi injustamente presa por quase 2 anos acusada de roubo porque segundo testemunhas, a verdadeira criminosa tinha ‘cabelos cacheados’ como da Barbara. Ela foi solta em 10 de Setembro de 2019 e move um processo na justiça contra as acusações. 

Reprodução: Netflix / Momento em que Martiza é deportada para a Colômbia.

Orange Is The New Black aborda de uma forma bem direta e reta a questão não apenas de Taystee mas todas as situações que envolvem as personagens da série. O desfecho da personagem é trágico e muito triste, se levar em conta que ela foi condenada a prisão perpétua por um crime que não cometeu e deixando muito claro a crueldade que pode vim de um sistema opressor, por outro lado, ela passa a ajudar detentas em um programa de inserção para o mercado de trabalho. Taystee foi uma personagem que lutou a favor da educação para as detentas, qualidade de vida e ainda denunciou as agressões que recebiam dos guardas na prisão tudo isso para serem reconhecidas como pessoas e serem inseridas na sociedade quando forem libertas para gerar oportunidade de empregos e mudança social.

Um fato a se dizer sobre Orange Is The New Black, é que a série foi muito importante na questão de representatividade e de tentar mostrar ao público diferentes visões de vida. Mesmo tendo uma maior parte focada no relacionamento de Piper e Alex, eles ainda conseguiram transformar a série em um grande palco de discursos políticos e gerar debates sobre racismo, xenofobia, homofobia, misoginia e entre outros. 

Fontes: A história real de Olhos que Condenam, ‘Vou provar que erraram comigo’ Afirma Barbara Querino sobre revisão de condenação