HQ+ Análise | She-Ra e as Princesas do Poder! Pela honra de Grayskull!

HQ+ Análise | She-Ra e as Princesas do Poder! Pela honra de Grayskull!

27 Abril, 2019 0 Por Ida Carolina Curty

Se você teve infância certamente já ouviu falar nos irmãos protetores de Grayskull:

She-Ra e He-Man, o príncipe Adam e a princesa Adora. Os irmãos gêmeos de Ethéria ficaram muito famosos nos anos 80 com uma linha de bonecos que posteriormente se transformou em uma animação.

Recentemente a Netflix anunciou que teríamos um reboot de She-Ra produzido pela Dreamworks, e bom, isso deu o que falar! Logo nas primeiras imagens que foram reveladas da animação, fãs das antigas não curtiram muito os traços do desenho, porque realmente, está bem diferente, mas válido, visto que a animação foi adaptada para nossa atualidade. A animação, diferente da original que foi escrita por dois homens, foi escrita por um time de roteiristas mulheres, e pode apostar, isso fez muita diferença.

 

Antes de expor a minha análise, vale ressaltar que que a animação foi feita voltada para público infanto-juvenil, mas mesmo eu sendo adulta, amei de forma incondicional!

A primeira temporada conta com 13 episódios e a segunda, que estreou dia 26 de abril na netflix (dia da visibilidade lésbica nos EUA), conta com 7 episódios, todos com, exatamente, 24 minutos. E posso dizer que a magia de Grayskull continua muito presente, como dito anteriormente, os traços são algo que de cara você vai notar, sem aquela sexualização exagerada, a série me conquistou já pelo visual.

A série começa com a mesma pegada da versão original, com a Adora fazendo parte da Horda. Para quem não sabe, a Horda é um grupo militar extremista que impõe seus poderes sob a forma de uma ditadura no planeta Ethéria. Hordak, o líder desse exécito (inclusive, é dublado pelo ilustre Guilherme Briggs), através de Sombria, fez Adora acreditar que quem se rebelava contra a Horda era extremamente perigoso e, portanto, considerados rebeldes, porque para eles, a Horda estava fazendo o bem para o planeta e não implantando uma ditadura violenta e destrutiva. Ao longo da série, Adora percebe que foi manipulada e também descobre ser um Princesa do Poder, a She-Ra.

O reboot homenageia bastante o original, com bastante referencia e personagens que marcaram muita nossa infância. Um ponto a ser destacado é como a série valoriza o trabalho em equipe, quando Adora se junta ao Arqueiro e a Cintilante a amizade cresce muito ao longo da temporada e isso tudo é muito bem desenvolvido, ponto para as roteiristas! Em questão de desenvolvimento, todos os personagens ganham destaque, o lado emocional é muito valorizado, claramente você percebe as motivações de cada um tanto para um lado quanto para o outro.

A primeira temporada é focada em reunir as princesas, algo que achei muito legal porque cada princesa é de um jeito diferente e a personalidade de cada uma se destaca ao longo dos episódios, inclusive acerca da aparência, tendo umas mais gordinhas, outras mais magrinhas mas nada estereotipado, cada uma com um biotipo diferente. A Adora se mostra muito insegura, apenas uma adolescente jogada neste mundo de guerra, e isso é muito importante na construção da sua personalidade, com um coração enorme sempre usando da luta seu último recurso, sempre tentando dialogar e chegar a um consenso com seus inimigos. Outro ponto a falar é acerca dos inimigos, não vemos membros do exército da Horda sendo malignos, na verdade é bem nítido que eles, no fundo, são pessoas boas com suas motivações para fazer o que fazem. Inclusive os heróis, alguns até podem ser considerados anti-heróis pela forma como é mostrada suas motivações.

Como dito, a segunda temporada foi mais enxuta, com apenas 7 episódios, e isso com certeza foi um erro, caberia facilmente mais 6 episódios para fechar o arco e se igualar a primeira temporada. Quando acabou os 7 episódios o gostinho de quero mais é muito forte, isso com certeza é um ponto negativo. Mas a segunda temporada não fica para trás, nela nós temos a Catra muito mais vulnerável emocionalmente com todos ao redor a abandonando. A relação de amor e ódio entre ela e a Adora fica muito mais evidente aqui, elas não são apenas inimigas, elas se amam e se conhecem como ninguém, não foi dito oficialmente mas a relação que é construída das duas é muito mais de namoro do que de amizade.

Ainda sobre a representatividade, temos na série personagens LBGT’s, inclusive princesas, e isso é muito importante porque o tema é tratado com muita naturalidade.

Por último, gostaria de falar novamente sobre o visual do desenho. Com cores intensas e muita magia os traços combinaram perfeitamente bem com o clima da animação, é tudo muito colorido quando deve ser colorido e tudo muito escuro quando deve ser escuro, uma sintonia perfeita. Chato que o ponto que mais evoluiu é também o mais criticado pelos fãs das antigas.

No mais, a animação é perfeita e deve ser apreciada por todas as idades, espero mesmo ver muitas e muitas temporadas porque muita coisa ainda ficou vaga, como por exemplo o passado de Adora, a questão dos Primeiros, o passado de Hordak, as She-Ra’s anteriores à Adora, tudo ainda merece muita explicação. Assistam “She-Ra e as Princesas do Poder” vocês não vão se arrepender!

A animação esta disponível na Netflix.