Crítica | Lovecraft Country – 1×3 – Holy Ghost: Um prazer sobrenatural e carregado de culpa

Crítica | Lovecraft Country – 1×3 – Holy Ghost: Um prazer sobrenatural e carregado de culpa

2 Setembro, 2020 0 Por Vanessa Burnier

“Holy Ghost” é a mistura de enredos convencionais em algo potencialmente incendiário, e todos queremos estar presente quando isso finalmente pegar fogo!

Essa crítica contém spoilers!

Se você precisa de entretenimento com consciência social, procure Lovecraft Country. Provocador, instigante e movido por sensibilidades poderosas, estamos além do ponto em que isso não seja excepcional. O que eles estão fazendo semana após semana é pegar ingredientes convencionais e misturá-los em algo com potencial incendiário. Misturando fato e ficção com passos seguros, Misha Green e Jordan Peele estão criando algo distintamente único. Casas mal-assombradas, atrocidades fictícias e detalhes de peças de época se combinam para abrir os olhos do público complacente em sua atitude em relação à informação. O acesso infinito nem sempre é igual a compreensão e empatia, que é muito do que Lovecraft Country pede que as pessoas confrontem. Há um foco em pessoas negras, relacionamentos individuais e aquele desejo perpétuo de contornar o preconceito gerado.

Reprodução: HBO

Nesse terceiro episódio temos uma quantidade absurda de cenas memoráveis como quando no meia da festa de inauguração da casa uma cruz em chamas é colocada na frente da casa. Letitia atingiu seu ponto de ebulição naquela noite, ela agarra um taco enquanto alguns dos homens pegam espingardas da casa. Letitia sai, quebra as janelas dos carros e retirar os tijolos das buzinas. A polícia chega e prende ela logo em seguida e durante a viagem, um policial a questiona sobre por que ela comprou a casa e diz a ela que oito pessoas negras foram encontradas enterradas no porão da casa. E também quando Atticus e Letitia vão para o porão para começar uma sessão para livrar a casa dos espíritos. Quando a sessão começa no porão, no andar de cima três homens brancos invadem a casa. Um homem se aproxima de uma das salas onde ouve vozes, ele e um dos outros homens entram na sala e ficam presos lá dentro. Enquanto os homens caminham pela sala, eles ouvem um bebê chorando, eles se viram e vêem o espírito de um jogador de basquete com cabeça de bebê. Os homens correm para um dos aquecedores de ferro e morrem queimados. Enquanto isso, o outro homem branco está olhando para o poço do elevador. O elevador sobe rapidamente através do poço, decapitando-o. Existe muitas cenas emocionais que são tão impactante quanto as cenas explícitas com pitadas de horror, mas isso é assunto para uma outra review.

Reprodução: HBO

“Holy Ghost” me fez pensar que os outros programas de TV atuais não tem o que é necessário para prender o público pelo seu enredo, mas aqui sim, isso amplificado pelas circunstâncias sociais da época em que Lovecraft Country acontece. Os personagens estão lutando muitas batalhas e fazendo isso com frequência. Depois de fugir da batalha contra alienígenas e ocultistas privilegiados e poderosos, como eles teriam energia para continuar lutando? Quando eles têm um momento para respirar e se centrar? Mas é óbvio que isso não vai acontecer por hora. No cerne do episódio três está uma injustiça que clama por retribuição. Leti está escondendo suas verdadeiras intenções sob um véu de irmandade, uma fenda se desenvolveu entre Montrose e Hippolyta após a morte de George. Lentamente, mas com segurança, esses personagens estão se ampliando em escopo, forjando laços emocionais entre nós e uns aos outros, enquanto questões de consciência social são tecidas no meio. É esse equilíbrio que torna Lovecraft Country simultaneamente envolvente e você não vai querer perder nenhum episódio.

Confira a crítica do segundo episódio!