4ª temporada de ‘Stranger Things’ mantém os acertos e os erros

4ª temporada de ‘Stranger Things’ mantém os acertos e os erros

7 Julho, 2022 0 Por Murilo Fagundes

É inegável o sucesso de Stranger Things. A série que começou se agarrando na nostalgia fantasiosa dos anos 80, trouxe uma narrativa interessante e curiosa que ao decorrer de seus anos mostrou o cuidado dos Irmãos Duffer em contar história e criar uma atmosfera que prende o público.

No dia 1 de julho tivemos o encerramento da quarta e até então penúltima temporada, temporada essa que foi a mais longa até agora, o episódio final por exemplo teve mais de duas horas de duração. Não dá para dizer que foi a mais diferente até agora, e visível o controle criativo da produção em manter a qualidade da série, mas ao mesmo tempo acaba parecendo que eles dão um passo atrás quando se trata de coragem, sendo assim no final de tudo ela mantém os seus acertos, mas também mantém os seu erros.

Reprodução: netflix

Dentre tantos acertos que são discutidos e elogiados todo final de temporada, temos o elenco entregando naturalidade e uma química que transcende a tela, dentro de uma atmosfera e narrativa criada para prender o telespectador. Esses elementos são tão bem feitos que por mais que seja basicamente os mesmos personagens, dentro de uma pequena cidade enfrentando perigos de um mundo invertido, eles nos deixam extremamente ligados.

Talvez o grande problema é que essa coesão tão bem amarrada dentro desse núcleo acaba sendo quebrada toda vez que eles tentam acrescentar algo que fuja disso vira um arco tão desinteressante e desnecessário que não sentimos vontade nem de criticar, apenas fingir que não existe. Foi assim na segunda temporada no arco da “Eleven punk”, na terceira com a solidão da dona de casa da Karen (mãe do Will) e agora na quarta o tedioso arco do Hopper na Rússia. Todos esses três acontecimentos é um conjunto de pontas soltas que não chegam a lugar algum, pontas essas que são tão desnecessárias que nem disposição para criticar o público no geral tem.

Reprodução: netflix

Sendo assim, é seguro falar que quanto mais dentro do seu universo fantasioso Stranger Things se mantém, mais gostoso e interessante de assistir a série fica, afinal a série sempre vai voltar para esse ponto de partida o que nesse caso é bom e seguro. Outra questão que se repete nessa temporada é a adição de um personagem novo para mata-lo. Passamos pela garota inocente Barbs na primeira temporada, Bob, o namorado bobo e divertido da Joyce na segunda, o Billy na terceira e na quarta o Eddie, que passou 90% da temporada fugindo pra nos 10% tentar uma relação afetiva comovente com o Dustin (que funcionou muito bem com o Steve anteriormente) e morrer numa tentativa heróica de salvação dos protagonistas, mostrando o quanto a série acaba se repetindo nesse ponto.

Apesar dessas questões, é indiscutível o quanto a série se preocupa em contar uma boa história do seu arco principal, a forma que eles conduzem a narrativa desde a sua primeira temporada para um grande evento subsequente é de fato prazeroso de acompanhar. O último episódio é uma prova viva da coesão e controle do roteiro quando se trata de Hawkins e o mundo invertido.

É prazeroso também o gosto de quero mais que a série deixa e os momentos tensos e bem dirigidos que ela entrega, a cena da Max correndo do Vecna ao som de Running Up That Hill, entra facilmente na lista de melhores cenas de séries da história.

Reprodução: netflix

Stranger Things caminha para um ótimo final, final esse que deve ser mais corajoso e de fato causar uma ameaça tão grande para os personagens quanto ela apresenta para o público, afinal não sabemos o que está por vir, mas tudo aponta para um final brilhante que é o que a série e os fãs merecem.