O Exorcista: O Devoto – Horror ou comédia? A Blumhouse decide

O Exorcista: O Devoto – Horror ou comédia? A Blumhouse decide

11 Outubro, 2023 0 Por Matheus Luccarelli

A franquia ‘O Exorcista’ é uma das séries mais icônicas e assustadoras do cinema de terror.

Ela teve início em 1973 com o filme original, dirigido por William Friedkin, que narra a história de uma garota possuída pelo demônio e os esforços de um padre para exorcizá-la. A sequência, ‘O Exorcista II: O Herege’ (1977), explorou as consequências do exorcismo de forma desvinculada da proposta inicial da produção e, infelizmente, fracassou nas bilheterias, enquanto O Exorcista III’ (1990) retomou a trama original e foi mais bem recebido pelo público.

Em 2004, uma versão estendida do filme original, conhecida como O Exorcista: Versão do Diretor’, foi lançada. Em 2004, ‘O Exorcista: O Início’ apresentou a origem do mal. A franquia continua prometendo o mesmo impacto desde o Herege de 1977, mas a cada nova produção, a sensação é de que já não necessitamos de mais filmes, sendo a versão de 1973 a inigualável.

Agora, em 2023, testemunhamos a sequência da aguardada nova trilogia, que, desta vez, fica a cargo da direção de David Gordon Green, renomado por seu envolvimento nos últimos lançamentos da franquia ‘Halloween‘. A recepção do filme não foi das melhores, apesar do sucesso do primeiro filme da franquia ‘Halloween’, dirigido por Green, que recebeu críticas positivas.

O filme explora a dinâmica entre duas famílias, uma negra e outra branca, destacando suas diferenças religiosas e visões de vida. O cerne da narrativa sugere que somente a união entre as pessoas pode afastar o mal do mundo. No entanto, em diversos momentos, a trama se perde em meio a tantos acontecimentos, relegando as duas garotas possuídas para segundo plano. Embora as atrizes desempenhem bem seus papéis, sente-se a falta dos jumpscares, do horror e do gore que ‘O Exorcista’ original apresentava com maestria, apesar de serem recursos mais tradicionais.

A trama expande o conceito de possessão ao introduzir múltiplas crianças e crenças na luta contra o mal. O filme falha em abordar profundamente as implicações dessa escolha, transformando o exorcismo em um gesto discursivo, em vez de uma experiência transformadora e silenciosa.

A essência do exorcismo se perde no meio do caos, priorizando uma ênfase nos elementos literais do filme, transformando-o em uma narrativa sobre a importância da ‘união faz a força’ com temas familiares. A presença de Ellen Burstyn, repetindo seu papel, exemplifica o dilema do filme ao transformar sua personagem em uma escritora de sucesso, uma escolha funcional, porém que também confere ao filme um tom superficial e afastado de sua visão original.

É importante lembrar que a Universal Pictures investiu 400 mil dólares e para adquirir os direitos de uma nova trilogia, portanto, resta aguardar para ver o que o futuro nos reserva, embora seja sensato manter expectativas modestas.

Em resumo, a franquia ‘O Exorcista’ indiscutivelmente deixa uma marca profunda no gênero de terror, com o filme original de 1973 sendo o ponto alto. As tentativas posteriores de expandir a saga revelam desafios em capturar a essência do filme original. A esperada trilogia de 2023, sob a direção de David Gordon Green, não alcançou o sucesso esperado.

O filme, ao explorar as dinâmicas familiares e a luta contra o mal, perde parte da essência que tornou ‘O Exorcista’ tão memorável, abandonando o suspense, o horror e o gore que o público apreciava. Além disso, ao transformar o exorcismo em um gesto discursivo e enfatizar elementos literais, a narrativa perde a profundidade que tornou o original tão impactante.

Com a Universal Pictures investindo significativamente na franquia, resta aguardar para ver como ela se desenvolverá no futuro. Mesmo que as expectativas possam estar baixas, há sempre a esperança de que o terror genuíno e a qualidade cinematográfica que caracterizam o filme de 1973 possam ser reavivados. A história de ‘O Exorcista’ continuará a nos assombrar, mas talvez, por enquanto, a versão de 1973 permaneça insuperável em seu impacto na cultura pop no geral.