Fale Comigo: O terror mais vivo do que nunca!

Fale Comigo: O terror mais vivo do que nunca!

14 Agosto, 2023 0 Por Murilo Fagundes
Com uma estreia de sucesso no Festival de Sundance, Fale Comigo, um filme independente com distribuição da A24, vem obtendo grande êxito nos cinemas.

Estamos vivenciando um momento glorioso no gênero de horror, com retornos gloriosos de franquias memoráveis como Pânico e, mais recentemente, A Morte do Demônio. Além disso, novos nomes como Jordan Peele e Ari Aster estão consagrando o terror psicológico como um subgênero promissor a ser explorado.

Aproveitando esse contexto, surge Fale Comigo, um filme dirigido pelos irmãos Danny e Michael Philippou, que incorpora elementos do terror sobrenatural e do terror psicológico, resultando em um desfecho excelente. Nos últimos filmes desse gênero, temos observado a abordagem de situações reais de angústias humanas como um ponto de partida, explorando temas como abandono, solidão e, principalmente, o luto, que se tornaram catalisadores das emoções e da atmosfera dos filmes, contribuindo para criar protagonistas cada vez mais humanos.

Fale Comigo aborda exatamente isso, de maneira coesa, embora com algumas pequenas falhas ao longo do filme. Ainda assim, ele proporciona uma experiência excepcional. A trama envolve um grupo de jovens que descobre uma mão embalsamada que lhes permite conjurar espíritos. O que inicialmente deveria ser uma brincadeira acaba se tornando perigoso e revela os perigos espirituais e psicológicos que enfrentam. A força do filme reside, em grande parte, no início, onde a carga emocional dos personagens é bem construída, oferecendo um núcleo diversificado e bem desenvolvido.

No entanto, ao longo da narrativa, o foco se estreita na excelente protagonista Mia, interpretada de forma convincente por Sophie Wilde, que carrega habilmente todo o peso dramático do enredo. Atualmente, os filmes de terror estão adotando protagonistas cada vez mais complexos, com passados e presentes mais densos, aproximando assim o público desse universo.

A direção é competente e segue uma abordagem independente reminiscente dos filmes de terror das décadas de 70 e 80, transmitindo a ideia de que produções de baixo orçamento podem impactar através do roteiro, sem depender excessivamente de efeitos especiais. O filme também segue o caminho do uso prático de efeitos, evitando uma estética trash e, assim, a experiência visual é impactante e bem planejada.

Fale Comigo não apresenta grandes defeitos, talvez o distanciamento de alguns personagens ao longo do filme seja seu maior ponto fraco. O roteiro centraliza-se na protagonista e aprofunda seu desenvolvimento, porém os coadjuvantes são progressivamente deixados em segundo plano, sem uma abordagem clara para lidar com essa mudança.

No geral, o filme segue os princípios do bom cinema de horror, oferecendo uma atmosfera envolvente, uma protagonista convincente e uma trama cativante. O filme brinca habilmente com os aspectos psicológicos e espirituais, culminando em um final impactante que deixa espaço para possibilidades futuras.